quinta-feira, 19 de julho de 2012

Retrato falado

Lamentações brandas e ponderadas em volta de uma linda mesa de café da tarde em um domingo ensolarado, me intrigam mais do que justificar a ação de um Serial Killer.
É inconformável como as pessoas se tornam conformadas ou então patéticas, longe de mim julgar isso certo ou errado, até porque em alguns requisitos não existe conformada mais patética do que eu, o problema mesmo, é que felicidade me parece superficial até mesmo na mais verde das gramas verdes. E eu sou muito nova pra saber que não se pode duvidar de nada nessa vida, por tudo em sua volta não ser tão bonito quanto se é pintado.
A minha maior ânsia é saber porque existem pessoas que não procuram respostas e só aceitam o que vem pronto, só tem ideias da ponta do iceberg de qualquer assunto, privam suas vidas e vontades, usam um cabresto e nem sabem quem ou porque colocou, julgam aquilo que não conhecem, e colocam a culpa em Deus, numa tradição, ou em qualquer outra coisa que não possa ser discutida por motivos de força maior.
Viver na hipocrisia e na mesmice torna a vida de qualquer um castigo. Aí você vai lá, senta na mesa do café da tarde de domingo ensolarado e reclama conformado, como se toda hora não fosse hora de tentar mudar. Eu entendo, tudo bem, quem se diz feliz assim, que seja muito feliz, mas eu não tenho nenhuma testemunha ocular pra contar sua versão da história, aquele que é plenamente feliz porque fez o que esperavam que ele fizesse e só fizesse aquilo na vida.
Falta amor próprio, falta alma, a lamentação é um lampejo do seu inconsciente tentando avisar. Escute.
A maior contradição do mundo é pregar o amor próprio e não se amar, ou pior ainda só amar aquele que é igual, e pensa igual a você, competindo se a sua casa ou sua vida tem a maior fachada, sendo arrastado a vida toda por lamentos, sem viver o certo o errado e tudo o que tiver no meio disso. A última coisa que eu quero é morrer com tanto amor que alimentaria o mundo, sem saber que ele está dentro de mim.


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Isso aí

“E mais uma vez, eu abri uma página sua de uma rede social e fiquei olhando sua foto. Como eu já sorri olhando praquilo, você não tem idéia. Mas das ultimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava, era com desanimo, com saudade e mágoa misturadas. Por que você tinha que morrer? Por que você tinha que matar tudo que eu sentia? Me obrigar a morrer também. Me obrigar a fingir estar viva pra todo mundo. Me obrigar a não chorar, quando tive vontade de chorar. Vontade de te esmurrar, te dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro imaginando você me vendo. E tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença. Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado, hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui? Porque eu ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço. Eu continuo fazendo. Como uma cerimônia de luto, eu sigo a risca. Mas acontece que você não morreu de verdade, do jeito que eu preferia que morresse. Você está ai vivo, vivendo sua vida, fazendo suas coisas, feliz, tranqüilo, sem sentir minha falta, sem olhar minha foto em rede social. Porque eu não consigo? Porque você não podia ser alguém? Eu esperei muito de você? Não. Eu não esperei nada, eu entendi tudo, eu entendia o que ninguém entenderia. Eu respeitei. Eu fiz como você quis. Tudo. Eu me anulei. Eu deixei de me amar, pra todo meu amor ser só seu. Eu voltei atrás. Eu chorei, eu pedi desculpas, eu agüentei besteiras. Agüentei tudo. Ajuntando do chão, migalhas do seu carinho, migalhas do seu amor. Do seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando como se a terra fosse acabar depois da meia noite. No outro dia um desconhecido me pedindo pra tratá-lo como qualquer um, por favor. Você é meu personagem favorito. O dono de todos os meus textos, de todas as minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas. E eu tenho que dizer isso agora, só pra uma foto numa rede social. Porque você morreu na minha vida. Você pediu demissão, seu cargo era o de presidente, era membro honorário do conselho, tinha tapete vermelho e eu me vestiria até de secretária se te agradasse. E você pediu demissão, sem aviso prévio nem nada. Me diz agora? Como viver bem? Como sobreviver, sem essa ponta de angustia? Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz demais, quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar às vezes, me domina.”

- Tati Bernardi.

E tudo o que eu nunca tive coragem, ela foi lá e escreveu.

domingo, 1 de julho de 2012

Auto descontrole

Sentir é o que temos de mais fascinante e contraditório nessa vida, porém aprender a controlar aquilo que não se vê é o maior dos mistérios.
Não há massa, nem fórmula, aquilo que escolhemos dominar é muito perigoso, mensagens subliminares que criamos, um paradoxo de cada um, objetivos em 7 bilhões de pessoas diferentes, com as mais variadas verdades inventadas.
Esperar ansiosamente de uma forma tão verdadeira, que chega a ser incoerência dizer que não era para ser. O acontecer sempre acontece, e em todos os sentimentos se tem um porque, desconhecer isso todos os dias é estar amaldiçoado sem saber.