segunda-feira, 28 de julho de 2014

Bonde da depressão

Algemada e amordaçada por doces vícios que amargam a vida, decepcionante é não se decepcionar de tanta decepção, eu me saboto e ganho de w.o sendo muito boa no que eu sei fazer de pior, minha vida é um sadomasoquismo com regência e maestria.

Eu gosto tanto disso, do estrago, decadência, eu acho auto destruição lindo! E ao fechar os olhos e me ver por dentro lá é quente vermelho e aconchegante como no inferno que é o meu lugar.

E Eu gosto, ta errado eu gosto.

Nas minhas várias versões todas elas são tão eu que administro essa ambivalência mastigando os meus dedos até sangrar, porque tudo que é meu tem que ser dilacerado.
E não pense que eu sou uma pessoa ruim por isso, tenho o dom de acalmar corações desesperados, eu desejo bálsamo pra quem não quer o sofrimento, eu amo o meu externo, amo demais, da forma mais pura e inocente, mas pra mim, pra dentro de mim eu prefiro mutilações de guerras sem causa, não gosto de estar em paz o que eu gosto é disso, eu gosto de ter uma ferida aberta, eu gosto de ser uma ferida aberta.

Assistiria eu praticando necrofilia com meu próprio corpo dando gargalhada, se isso fosse possível, fico imaginando se seria maior a minha dor ou satisfação se eu fosse torturada, até que eu tento disfarçar toda essa minha forma estranha de me amar não me amando e cumprir meu papel de sem graça o que quase nunca consigo porque o meu jeito é contrário, mas é quando eu faço coisas ruins comigo que eu sei quem eu sou e anseio sempre querer superar fazendo pior ainda, eu não sei onde eu posso chegar, e eu gosto disso, o dilema é que não se machuca a si mesmo sem machucar a quem te ame, e é por isso que eu preciso de uma salvação.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cuspindo desabafo no prato

Naquele dia eu fui embora. Fui embora porque vi que eu não podia fazer mais nada, eu fui porque você nunca me surpreendeu, eu não queria muito e até hoje não quero, mas você fazia sempre um pouco menos que nada.
Precisávamos demais um do outro, e era só isso. Eu fui embora e deus sabe o quanto me entristece ter que ter tanto egoísmo em dizer que a culpa é sua. Me entristece mais ainda ter que dizer que eu deveria ter ido embora antes, muito antes, lembro o dia e a situação perfeitamente, você me mandou embora, eu voltei e você quis. E apesar das inúmeras vezes que você me mandou ir quando fui de verdade foi por conta própria.
Eu pensei que ia ser diferente, (a gente sempre pensa né) pensei que dessa vez eu não iria ter um relacionamento frustado como os outros, achei que tinha aprendido o suficiente com doses de tequila sofrimento e maturidade, e eu aprendi, tanto que não estou sofrendo, estou lamentando, lamentando as brigas sem razão, a raiva, a angústia, as conversas que terminavam com você colocando a culpa em mim em situações que o bom senso evidentemente resolveria se você soubesse dialogar com a inteligência que possuí para outras coisas.

E o meu maior lamento é que eu não precisava ter ido embora, porque eu nunca deveria ter ficado, foi mais difícil te amar do que te esquecer, eu não deveria ter me dado esse trabalho, e eu sabia, é por isso que por todos os outros eu sofro, e muito, mas por você eu lamento. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Lobolambe

Numa floresta tomada de um extremo verde escuro onde a umidade afoga os pulmões em água, o desconforto e o espírito sinistro do lugar devem ser ignorados, para que se agucem audição e olfato.
Rosnados perturbadores perdidos em eco. O lobo negro corre sem direção, corre tentando escapar de seu habitat de tormentos, sua consciência desconhece sentimentos humanos e a fuga também é a procura de sua única satisfação.
Não há uma matilha, e sua companhia é o som de sua respiração fria, após um longo tempo, que não se pode ser medido de maneira habitual, cronológica ou precisa, o lobo negro com sua  pupila em risco horizontal, segue o forte brilho através das arvores em borrão mas o que lhe indica tal caminho com tanta certeza é o cheiro da presa mais fácil de ser abatida, a mole e fraca carne humana.
O lobo corre de volta a sua floresta, ela pertence a ele e ele a ela após sua refeição sagrada, com o focinho brilhante em vermelho de sangue ainda não coagulado, suas unhas e dentes penduram carne desfiada ainda quente, a língua saboreia sal água e ferrugem, o instinto da morte é o sentido de sua existência selvagem e animal, o êxtase de sua força e poder é ver a vida sucumbir olhando para ela no fundo dos olhos.
É a noite do lobo dilacerador de almas.
O amanhecer desperta uma garota nua com o sol ferindo seus olhos negros, ela está coberta de sangue que não é seu, com carne desfiada entre os dentes, seu coração explodindo em vida após uma noite sem os sonhos e lembranças que costumam atormentar suas brandas noites sem luar.



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sonho de uma noite de verão




E o orkut acabou, e eu não realizei um sonho...
Como toda garota eu sonhava com um príncipe encantado, junto com a idade do sonho de um príncipe encantado, veio uma chuva digital de mudanças comunicativas. O orkut era meu cenário de contos de fadas moderno.
 Eu sonhava que meu príncipe encantando não viria num cavalo branco, e sim seria aquele que me mandaria um testimonial com o trecho “Bem sei da sua dificuldade na terra, farei o possível pra morar contigo na pedra” da música Ana e o Mar.
Ele me mandaria um testimonial com esse trecho sem que eu falasse nada de minhas preferências, e eu saberia que aquele era meu príncipe, o amor da minha vida, com química de alma, e sincronicidade de pensamento, apareceria um arco íris de coração enorme em volta da tela do Pc, e ai então, ele seria digno de morar comigo na minha pedra do meio do mar que é melhor que qualquer castelo.
É uma coisa fofa, boba e bonita que eu lembro, acho que esse foi o último fôlego da inocência de princesa em mim, e quando tive a notícia do orkut, me veia a tona essa lembrança.
Infelizmente acabou o orkut, não gosto mais dessa música,  não acredito mais em contos de fada, beijei alguns sapos, nunca conheci príncipes, só um tal de rei do camarote.
Mas ainda acredito na minha pedra no meio do mar, e talvez um dia retire o que eu disse...sobre a música.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Os vampiros que se mordam

Não tenho silicone, odeio pentear o cabelo e não quero um Iphone. Pessoal me acha esquisita “essa menina onde vai deita e dorme”, descabelada, largada e desapegada da filosofia você é o que consome.
Tem gente que se chateia, tenta me impor auto estima, jura que eu sou assim porque me acho feia, e quem disse? Quando eu quero também subo no salto, passo 212 e faço canalhice.
Não sou escrava de nada, 
incomodado que se mude, então vira a cara se não quiser me ver no Vila Conte de cara lavada, valores trocados é a característica dos jovens adultos da minha geração alienada, então faz um favor e não derruba minha cerveja que é sagrada.
Confesso que exagero, tem coisa que até eu acho um absurdo fatal, mas meu subconsciente me sabota e não é proposital que eu chego de havaianas e viro piada local.
Mas tudo bem pra mim, gosto bem assim, e quem me ama acostuma e vê que não é bem assim, simplesmente tem coisa que não é pra mim.
No sexto pecado capital, acho que nunca vou ser considerada dentro de um padrão normal nessa cidade onde a maioria quer ser o que não é e igual, passo minha vez pra quem sabe lidar com isso de forma natural.
Vaidade ta na moda, é cult, é chic, é style, é foda! E humildade? So last season ninguém usa desde o ultimo verão junto com a verdade.