quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Retalho sólido de cinza líquida.

2007, não aperte assim meu peito, é capaz que se rompa o pericárdio e não me resta, além de fisiológica, nenhuma outra proteção. Não desmembre átrios e ventrículos em mínimas linhas imaginárias de retalhos com seu bisturi de precisão cirúrgica que opera sem anestesia palavras de sentido figurado e sentimentos de dor real por mil e um dias e noites, de centenas e dezenas de milhares de vezes.

Aquele que se propôs a reconstruí-lo não era médico, e não entendia de construção, nem biológica e nem civil, não sentia, mas de forma instintiva e animalesca juntaram-se os corpos, e nem Frankenstein sonharia em tão pouco tempo ser tão remendado quanto eu. E do remando ao fogo sem explicação, me incendiara de todas as formas boas e ruins, até ser cinza o mundo, minha cor preferida e o meu coração.

Aquele que remediou, eu o chamei de água e deixou-se entre nós um fluir límpido daquilo que sacia e abranda mas sempre procura por outras correntezas, e procurou.
Sete anos depois meu coração jamais voltará a ser carne e bombeador de sangue, este é condenado a ser um órgão místico e metamórfico que morre todos os dias por toda a eternidade que lhe é concebida, mas ninguém o vê de perto, ninguém faz ideia do que as ações e reações externas causaram dentro de mim.



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Não existiria cor mais bonita pra colorir o sangue do que o vermelho

Que uma adaga rasgue meu ventre num rabisco, tingindo o branco em vermelho
Que vidros moídos conheçam meu punho esquerdo de encontro a um espelho
Que garras de aço de um feroz animal me abram a garganta em vertical
Que mil agulhas se encontrem com minhas veias que se escondem
Qualquer coisa que me traga dor e satisfação
Em grito
Em corte
Em furo
Em ação
Qualquer coisa que me traga dor e satisfação em dádiva, mas que por favor, me tome mais do que essa raiva!


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Lucia In The Sky With Diamonds

Escrevo em meio pedaço de papel uma história que começa com arrepios e ânsias, que me leva as oito maravilhas do mundo nascidas de sementes regadas por meu suor saliva e lágrimas plantadas em meu ventre, sorrio pra vida, debocho da dor, sou maior que o Everest, me jogo mil e duzentas vezes do Everest. 

Parto para onde todos, os sim ou não chapeleiros, são seriamente malucos. O tempo atemporal derrete fora do quadro de Dali pintado dentro de mim, quero me libertar da construção, da rua, do chão, oscilo entre horas e segundos onde conseguir ou não se somam no mesmo produto da equação da minha alma que tem forma de água viva.

As informações se acumulam em minha mente pairando sobre o segundo eu onde o fio de ouro da vida é bifurcado pelas Parcas diretamente do fundo da caverna de escuridão de todas as cores e texturas.

Evito o sol como quem evita as serpentes de Medusa, me suicido com Marilyn Moroe, durmo o sono dos justos, acordo em um mundo monocromático, monótono, monogâmico, (as vezes) preciso e prefiro meu universo paralelo.