sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Soft Machismo

Machista não é só o cara que estupra e espanca, não é só o cara que te chama de vagabunda por sua liberdade sexual, machista também é aquele cara que insiste em não te respeitar em seu ambiente de trabalho mesmo com evidências óbvias de que você não está interessada nas investidas.

Denominei essa patifaria que vem acontecendo comigo de "Soft Machismo", onde tive que além de ver tentativas ridículas de demonstração de virilidade, ouvir frases como: “Você parece tão triste.” “Por que você está com essa carinha? Pode falar quem fez isso com você que eu resolvo.” Ou então “Você fica aqui sozinha nessa rua perigosa?” Oi? 18:00hrs da tarde é você acha perigoso eu esperar uma amiga pra ir na faculdade numa avenida movimentada? Violência e perigo eu sei que tem, e tem em todo lugar, mas sinceramente, nem a policia faz seu papel de proteção direito, o que sua companhia poderia me acrescentar? Companhia indesejada, diga-se de passagem. Acho que você quer que eu fale que sou frágil e preciso que você me proteja, acho que você quer me inferiorizar, acho que você acha que eu sou uma desesperada a procura de um príncipe encantado, eu não sou.

Não vejo problema uma pessoa se interessar por outra e tentar uma aproximação, na verdade sou extremamente a favor da paquera de uma maneira saudável, mas a partir do momento em que há uma infinita insistência sem respaldo, não consigo enxergar nada além do que falta de respeito, onde sou colocada em uma situação de extremo incomodo e constrangimento. Não quero parecer intolerante, não quero ter que ser a pessoa mais mal educada do mundo. Você é muito chato cara! 


Hoje eu decidi que não vou me importar de como vou ser vista pelos olhos alheios, vou dar meu recado, já que feições de explicito desagrado não são o suficiente para que eu não seja coagida vou me fazer ser ouvida, vou dizer o que penso no primeiro momento em que me sentir desrespeitada, e então você vai ver que o que precisa de salvação é essa sua falta de noção regada a pensamentos machistas mesmo que de forma não agressiva, porque eu estou me sentindo sim muito agredida.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Politeísta

O meu deus não se escreve com letra maiúscula, ele é apenas mais um entre todos nós, ele está nos quatro elementos e em cada erva daninha que nasce em qualquer pedacinho de chão. O deus que mora em mim aceita todos os nomes do qual é chamado, habita nas rugas dos anciãos nos dentes de leite que cai de cada criança, na líbido que nos tira a inocência, no bom e no mal, nos que acreditam nele e nos que não.

Em todas as línguas, em todas as cores, em toda guerra e revolução, eu vejo deus no singular e plural, no que ama a dor, no que ama o aposto, no que não ama, naquele que aprende a amar, no que se transveste, no que transcreve, no reprimido e no que escreve.
Deus está em cada descoberta da ciência, em qualquer força do pensamento, nos beijos, e nas traições, na aurora boreal, na força das marés, na vida e na morte severina, nos dóceis e nos selvagens, e nos espíritos ancestrais. Seus olhos não julgam, sua mão é a rotação da Terra, e a sua voz só é ouvida no silêncio da mais interna escuridão.

Mesmo sendo aquela que duvida, não me sinto condenada, é permitido dúvida e questionamento, porque o meu deus inventou o livre arbítrio e os debates, as pontes que unem e separam o sofrimento. Hoje eu fiz as pazes com deus, perdoando sem ser perdoada, eu fiz as pazes comigo, e entendi que nasci sem perfeição e sem porque, e até o fim dos meus dias foi me dado o direito de errar na tristeza e na alegria, contanto que alguma coisa se sinta e seja depositada no que não se vê.