quinta-feira, 19 de abril de 2012

Flecha envenenada

Ai você acorda com a flecha envenenada do seu ombro doendo mais do que tudo, doendo como sempre doeu.
Ela é fria, indiferente racional e nostálgica, aos poucos invisível. Isso te mata, e agonizando todos os dias você nunca morre. Não disso.
No começo é fácil, você grita, sangra, chora e pede pelo amor de Deus aos quatro ventos! O pior vem depois, quando todo mundo esquece, aí já não é mais direito sofrer e seu dever esquecer também.
Mas e se não esquece? E se a gente só acostuma? Vai vivendo desse jeito, sentindo vergonha de sentir, pois vale mais que honra ao mérito quem esquece mais, se engana demais e sente de menos...
E pior do que o pior, é não querer que a flecha seja retirada, não querer apenas uma cicatriz que dói só em dia de frio, porque você sabe que dessa vez ela te acertou no ombro, mas a próxima pode ser no coração, e mesmo assim você não vai morrer. Não disso.

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