O meu deus
não se escreve com letra maiúscula, ele é apenas mais um entre todos nós, ele
está nos quatro elementos e em cada erva daninha que nasce em qualquer
pedacinho de chão. O deus que mora em mim aceita todos os nomes do qual é
chamado, habita nas rugas dos anciãos nos dentes de leite que cai de cada
criança, na líbido que nos tira a inocência, no bom e no mal, nos que
acreditam nele e nos que não.
Em todas as
línguas, em todas as cores, em toda guerra e revolução, eu vejo deus no singular
e plural, no que ama a dor, no que ama o aposto, no que não ama, naquele que
aprende a amar, no que se transveste, no que transcreve, no reprimido e no que
escreve.
Deus está em
cada descoberta da ciência, em qualquer força do pensamento, nos beijos, e nas
traições, na aurora boreal, na força das marés, na vida e na morte severina,
nos dóceis e nos selvagens, e nos espíritos ancestrais. Seus olhos não julgam,
sua mão é a rotação da Terra, e a sua voz só é ouvida no silêncio da mais
interna escuridão.
Mesmo sendo
aquela que duvida, não me sinto condenada, é permitido dúvida e questionamento,
porque o meu deus inventou o livre arbítrio e os debates, as pontes que unem e separam o sofrimento. Hoje eu fiz as pazes
com deus, perdoando sem ser
perdoada, eu fiz as pazes comigo, e entendi
que nasci sem perfeição e sem porque,
e até o fim dos meus dias foi me dado o direito de errar na tristeza e na
alegria, contanto que alguma coisa se sinta e seja depositada no que não se vê.
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