Numa
floresta tomada de um extremo verde escuro onde a umidade afoga os pulmões em
água, o desconforto e o espírito sinistro do lugar devem ser ignorados, para
que se agucem audição e olfato.
Rosnados
perturbadores perdidos em eco. O lobo negro corre sem direção, corre tentando
escapar de seu habitat de tormentos, sua consciência desconhece sentimentos
humanos e a fuga também é a procura de sua única satisfação.
Não há uma
matilha, e sua companhia é o som de sua respiração fria, após um longo tempo,
que não se pode ser medido de maneira habitual, cronológica ou precisa, o lobo
negro com sua pupila em risco horizontal, segue o forte brilho através das arvores em borrão mas o que lhe indica tal
caminho com tanta certeza é o cheiro da presa mais fácil de ser abatida, a mole
e fraca carne humana.
O lobo corre
de volta a sua floresta, ela pertence a ele e ele a ela após sua refeição sagrada, com o focinho brilhante em
vermelho de sangue ainda não coagulado, suas unhas e dentes penduram carne
desfiada ainda quente, a língua saboreia sal água e ferrugem, o instinto da
morte é o sentido de sua existência selvagem e animal, o êxtase de sua força e
poder é ver a vida sucumbir olhando para ela no fundo dos olhos.
É a noite do
lobo dilacerador de almas.
O amanhecer
desperta uma garota nua com o sol ferindo seus olhos negros, ela está coberta
de sangue que não é seu, com carne desfiada entre os dentes, seu coração
explodindo em vida após uma noite sem os sonhos e lembranças que costumam
atormentar suas brandas noites sem luar.
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